domingo, 12 de maio de 2024

ARRIBAÇÃO, dia 1 - arriba, por amor à arte

12 de maio, dia das mães. Decidi arribar, já passava da hora.

Saí de Recife às 8,50 h, o aplicativo de rotas para a Usina de Arte Santa Terezinha

0 aplicativo começou a tocae Apaga o fogo, mané - do Adoniran Barbosa.

Decidi ouvir, sempre achei que o nome dessa música deveria ser Agora a Inês é viva!

Acho divertida a letra sobre o pé na bunda que ela deu, narrada pelo alvo.

Inês me fez pensar em Santa Terezinha:

quem foi essa?

Li depois que foi uma adolescente que pegou leve nas

obrigações e argumentou

que não é preciso se arrebentar 

para encontrar o sentido do sagrado.

Garota esperta.

Chego a usina às 11,05 h, sol a pino. 

Quase meto o carro no meio do jardim,

culpo a sinalização pouco empática e

a ausência de funcionários para orientar. 

Já fica aqui o resumo: sem recepção, sem

monitoria e sem pessoal de apoio.

Banheiro, só lá no final de tudo, 

fiquei sabendo no final do percuso.

Iniciei a  visita com a bexiga estourando,

banhada em protetor solar, 

com uma garrafa de água e de chapéu.  

Trilheira precavida, minha sorte.

Sorte nada, é autocuidado mesmo.

Começo a subir e realmente não há pontos

de apoio com água e banheiros.

O calor aperta, a bexiga cheia, chia.

E a água da garrafa acaba

Mas, nada impede uma devota das santas das artes visuais 

de atingir seu sacro fetiche estético poético feminista.

Início a caminhada mirando na vulva,

que domina a paisagem do parque, 

e no muro de pedras rosas  que dominava meu imaginário 

povoado pelas redes sociais

com relatos da mais recente aquisição do parque.

Subo vielas de lajotas, sem sinalização; 

sigo o rumo da fenda carmim 

com toda a fé que chegaria à tão esperada parede cravejada de cristais.

Percorro as centenas de metros morro arriba, 

como um devota que não ignora as agruras da auto imposta 

penitência.  

Chego ao cume, 

suando como uma sulista no nordeste 

e torcendo para que o Generador 

de fato tenham em mim algum efeito  catártico 

que recomponha os sais minerais evaporados de 

minhas reservas.

Nele depoisito minhas gotas de suor.

Arte que se oferece ao toque é puro orgasmo, 

pensando nisso, me envolvi no jogo proposto e me

rendi ao rito:  esfreguei minha virilha, meus peitos e minha testa 

na coluna de cristais que me oferecia amanho compatível. 

Senti-me pequena, jurava ser mais alta.

Feita a experiência, olho para o que a contra face da parede convoca: 

assim como ela pode ser vista de longe, dali pode se ver todo parque. 

Se impõe como vista e ponto de vista.

Na caminha de volta não pude deixar de pensar:

terá a artista, os curadores e os proprietários

vindo até aqui seguindo o mesmo rito

corporal  imposto a quem deseja usufruir de sua criação?

Pensei na terezinha que não suava 

e na Inês que entornou o balde...

Ao sair, me detive na cabeça flutuante 

e uma vez mais na onipresente visão da vulva flamejante. 

Mas, me apaixonei mesmo pela Rádio Catimbó,

dela senti um profundo desejo de me oferecer abrigo do sol.

Muitas famílias foram ao parque naquele dia quente,

celebrar o o dia das mães.

Algumas mães, ficaram sentadas sob as árvores, 

evitado subidas naquele calor. Sábias senhoras.

Apesar da ausência de apoio e monitoria, 

eu gostei e pretendo voltar, com mais tempo,

agora que aprendi onde tem banheiro e 

certamente levarei mais água. 

No caminho de saída, um vendedor de sorvetes 

me disse onde havia um banheiro, único e  não sinalizado

Também me orientou como ir ao restaurante mais próximo, 

um agradável bar em uma residência familiar. 

Almocei entre famílias em festa pelo dia das mães e subi a serra. 

Em Garanhuns cheguei as 15,30h, 

circulei próximo ao Centro Cultural, tomei uma cerveja que ninguém é de ferro.










































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