quinta-feira, 2 de março de 2023
Homenagem à Joâo Zinclar realizada em Rio Grande, sua cidade natal, em janeiro de 2023.
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Rio Grande, município do estado do Rio Grande do Sul, foi capital do estado
entre 1835 e 1845. Aqui chegamos, vindos de Campinas com olhos turvos pelas
imagens oficiais do extremo sul brasileiro. Mas, a vida que pulsa na cidade
natal de Zinclar, o Lari, nos surpreendeu, encantou e ensinou a desvê-las. Na
área central da cidade se impõe a arquitetura portuguesa; com certeza construída
por mãos indígenas e negras. Mãos que re-existem em centenas de comunidades e
terreiros de Umbanda e Batuque (Candomblé) em toda região, em áreas urbanas e
rurais. Corpos negros e indígenas, que ainda hoje, continuam a ser parte viva do
cotidiano urbano; mas não da história da vida cotidiana narrada no Museu
Municipal de Rio Grande. Cidade cheia de rostos afro latinos e indígenas, que
povoam as praças centenárias, mas não compõem os monumentos que as povoam. Nas
celebrações oficiais sobressai a presença da usurpadora oligarquia europeia,
cultuada nos nomes das ruas, praças e avenidas; construídas pela massa de
trabalhadores não brancos, não nobres e não presentes nas imagens da
grandiloquência gaúcha oficial. Aqui, na cidade do fotógrafo gaúcho, negro,
militante e operário, nos confrontamos com as imagens ideológicas que
desvinculam as históricas matriz africana e raiz indígena da classe trabalhadora
brasileira, desconectando-a de suas vivas raízes; no passado e no presente, de
norte a sul do continente. Desta cidade Zinclar partir aos 18 anos, e produziu
com muitos parceiros um legado visual que celebra negros, indígenas, bancos,
asiáticos, enfim, toda diversidade que compõe a classe trabalhadora brasileira.
A convite da gente ativista que aqui, há muito mais tempo que nós, desvê o que é
imposto como memória desta cidade e deste estado, viemos à Rio Grande para
homenagear este negro que, sempre militante, se fez operário, fotógrafo e
guardião de memórias das lutas sociais travadas em muitas outras cidades e
regiões brasileiras. Memória viva, como viveu e legou o homenageado, é
consciência coletiva em ação concreta para construir uma sociedade sem senhores
e sem escravizados. Um das maiores marcas deste legado é a capacidade de Zinclar
de unir pessoas e grupos diversos que se reconhecem como Sujeitos na luta por
esta nova sociedade. No 19 de janeiro de 2023, passados 10 anos da partida de
João Zinclar, a gente do ArtEstação, do Hipocampus, da FURG e da família Lima
Silva, nos acolheu e se reconheceu no que somos e pelo que juntos lutamos. Para
celebrar a presença viva do legado de luta do militante riograndino Lari, de
norte a sul do Brasil, organizações da classe trabalhadora brasileira clamam:
João Zinclar, Presente Hoje e Sempre! Rio Grande, 19 de janeiro de 2023. Postado
originalmente em
ACERVO JOÃO ZINCLAR
https://ajz.campinas.br/joao-zinclar-sempre/
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