sexta-feira, 7 de abril de 2023

EU CONTA DOR DE MIM, roda de conversa de Nair Benedicto com professores no Memorial da Resistência.

Memorial da Resistência, São Paulo. 31 de março de 2023


 


No dia em que o golpe militar de 1964 completa 59 anos, o Memorial da Resistência exibiu o vídeo-documentário “Eu conta-dor de mim”, um depoimento da ex-presa política e fotógrafa Nair Benedicto, onde ela compartilha suas memórias de luta e resistência durante o período da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Além da exibição do filme, o encontro teve uma conversa com a fotógrafa.


Foi um encontro afetuoso e intenso, os educadores externaram suas emoções diante do relato das experiências da fotógrafa, que também atuou durante a ditadura militar como educadora popular na periferia de São Paulo. Nair afirmou: "se fosse mais jovem, hoje voltaria a dar aulas na periferia. Penso que este é o lugar de quem se preocupa com o presente e com o futuro de nosso país."

quinta-feira, 2 de março de 2023

Homenagem à Joâo Zinclar realizada em Rio Grande, sua cidade natal, em janeiro de 2023.

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Rio Grande, município do estado do Rio Grande do Sul, foi capital do estado entre 1835 e 1845. Aqui chegamos, vindos de Campinas com olhos turvos pelas imagens oficiais do extremo sul brasileiro. Mas, a vida que pulsa na cidade natal de Zinclar, o Lari, nos surpreendeu, encantou e ensinou a desvê-las. Na área central da cidade se impõe a arquitetura portuguesa; com certeza construída por mãos indígenas e negras. Mãos que re-existem em centenas de comunidades e terreiros de Umbanda e Batuque (Candomblé) em toda região, em áreas urbanas e rurais. Corpos negros e indígenas, que ainda hoje, continuam a ser parte viva do cotidiano urbano; mas não da história da vida cotidiana narrada no Museu Municipal de Rio Grande. Cidade cheia de rostos afro latinos e indígenas, que povoam as praças centenárias, mas não compõem os monumentos que as povoam. Nas celebrações oficiais sobressai a presença da usurpadora oligarquia europeia, cultuada nos nomes das ruas, praças e avenidas; construídas pela massa de trabalhadores não brancos, não nobres e não presentes nas imagens da grandiloquência gaúcha oficial. Aqui, na cidade do fotógrafo gaúcho, negro, militante e operário, nos confrontamos com as imagens ideológicas que desvinculam as históricas matriz africana e raiz indígena da classe trabalhadora brasileira, desconectando-a de suas vivas raízes; no passado e no presente, de norte a sul do continente. Desta cidade Zinclar partir aos 18 anos, e produziu com muitos parceiros um legado visual que celebra negros, indígenas, bancos, asiáticos, enfim, toda diversidade que compõe a classe trabalhadora brasileira. A convite da gente ativista que aqui, há muito mais tempo que nós, desvê o que é imposto como memória desta cidade e deste estado, viemos à Rio Grande para homenagear este negro que, sempre militante, se fez operário, fotógrafo e guardião de memórias das lutas sociais travadas em muitas outras cidades e regiões brasileiras. Memória viva, como viveu e legou o homenageado, é consciência coletiva em ação concreta para construir uma sociedade sem senhores e sem escravizados. Um das maiores marcas deste legado é a capacidade de Zinclar de unir pessoas e grupos diversos que se reconhecem como Sujeitos na luta por esta nova sociedade. No 19 de janeiro de 2023, passados 10 anos da partida de João Zinclar, a gente do ArtEstação, do Hipocampus, da FURG e da família Lima Silva, nos acolheu e se reconheceu no que somos e pelo que juntos lutamos. Para celebrar a presença viva do legado de luta do militante riograndino Lari, de norte a sul do Brasil, organizações da classe trabalhadora brasileira clamam: João Zinclar, Presente Hoje e Sempre! Rio Grande, 19 de janeiro de 2023. Postado originalmente em ACERVO JOÃO ZINCLAR https://ajz.campinas.br/joao-zinclar-sempre/