
https://www.catarse.me/retomadas
Esse projeto foi criado com o objetivo de viabilizar a realização de uma publicação on-line, bilíngue e de distribuição gratuita, que conte a trajetória do núcleo Retomadas, integrante da exposição Histórias Brasileiras, atualmente em cartaz no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o MASP.
A publicação será editada pela Expressão Popular e conta com co-organização da curadoria do núcleo Retomadas, Clarissa Diniz e Sandra Benites, do Coletivo de Arquivo e Memória Nacional do MST e dos artistas e acervos de André Vilaron, João Zinclar e Edgar Kanaykõ Xakriabá.
Além de ampla documentação sobre a trajetória do núcleo Retomadas no MASP, a publicação irá comissionar textos e ensaios visuais inéditos que desdobrem e aprofundem alguns dos temas centrais ao debate: lutas sociais, museus, representatividade, memória e acervos dos movimentos sociais, ética e violência institucional, neoliberalismo e política culturaI.
Junto à edição da publicação, essa campanha também tem como objetivo apoiar a ampliação, o aprofundamento e a continuidade do debate crítico e público precipitado pelos acontecimentos em torno do núcleo Retomadas: uma discussão que não se iniciou com a realização do referido recorte curatorial e que, pelo mesmo motivo, tampouco deve ser encerrado com ele.
À convite do MASP, as curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites desenvolveram o projeto do núcleo curatorial Retomadas para a exposição Histórias Brasileiras, com curadoria geral de Adriano Pedrosa e Lília Schwarcz.
Com a participação de artistas e ativistas, o núcleo reúne documentos e obras que refletem acerca do processo que toma a luta pelo direito à terra como sua coluna vertebral, estendendo-se também às línguas, corpos, imagens, representações e representatividades.
Em maio de 2022, o Retomadas foi cancelado por suas curadoras após o MASP vetar a inclusão de fotografias de Edgar Kanaykõ Xakriabá, André Vilaron e João Zinclar que documentam a luta do MST e dos movimentos indígenas contra o saque colonial e a desigualdade fundiária brasileira.
Para Clarissa Diniz e Sandra Benites, o cancelamento foi uma escolha ética diante da “impossibilidade de incluir, no Retomadas, a completa representação que o intitula".
O cancelamento e suas motivações tornaram-se públicas, o que levou a um debate que culminou com o reconhecimento do erro institucional por parte do MASP e a subsequente retomada do núcleo, que voltou a integrar – com a totalidade de suas obras – a mostra Histórias Brasileiras.
Neste processo de uma negociação aberta, as curadoras do núcleo, o MST e os artistas cujas obras foram vetadas elaboraram proposições de reparação diante da violência institucional que sofreram.
Uma delas, contudo, não foi acolhida pela instituição: a realização de uma publicação que possa debater a trajetória do Retomadas e levar o debate ao maior número possível de pessoas pelo Brasil afora.
E esse é o objetivo dessa campanha de financiamento: viabilizar a publicação que ficou de fora dos acertos entre o MASP, as curadoras e os artistas, de forma a lutar contra o risco de apagamento e de silenciamento que ronda as situações de luta e conflito histórico que não são devidamente debatidas, documentadas e historiografadas.
As RETOMADAS continuam: elas não se encerram em eventos como exposições ou seminários. Esta publicação é parte da caminhada ancestral que constitui a luta pelas retomadas.
As RETOMADAS não podem ser apagadas: diante da dissipação das informações no mundo digital, é crucial documentar o processo em torno do veto, da negociação e do debate público que se deu no âmbito de um dos maiores museus do mundo.
As RETOMADAS não podem ser silenciadas: a publicação para a qual aqui buscamos recursos constava entre as propostas de reparação que o núcleo elaborou para o MASP. Posto que sua realização não foi acolhida pelo Museu, não podemos aceitar que esta impossibilidade institucional venha a produzir o silenciamento do debate crítico em curso

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra | Com 40 anos de história, o MST segue sendo o maior movimento popular da América Latina na luta pela democratização da terra e por mudanças sociais.
Coletivo de Arquivo e Memória do MST I O coletivo foi formado em 2014 com o objetivo de centralizar a tarefa de gestão e preservação dos documentos do Movimento, mas não só: também refletir e massificar o debate sobre patrimônio cultural, a importância da memória para os movimentos sociais através de formação e articulação com outros acervos da classe trabalhadora.
Editora Expressão Popular | Criada em 1999 com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento, a Expressão Popular conta com mais de 600 títulos publicados em diversas áreas do conhecimento, como política, economia, agroecologia e literatura.
Curadoras do núcleo Retomadas | Sandra Benites e Clarissa Diniz, curadoras, se conheceram em 2016 no contexto do projeto Dja Guata Porã: Rio de Janeiro indígena (Museu de Arte do Rio, 2017), do qual foram co-curadoras. Desde então, têm dialogado continuamente sobre as formas de aliança e de disputas que se dão no múltiplo e assimétrico território das artes.
Artistas do núcleo Retomadas que tiveram suas obras vetadas pelo MASP | André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar são os artistas cujas fotografias tiveram sua participação no núcleo Retomadas vetadas pelo MASP. Por décadas, têm se dedicado a documentar as lutas sociais em curso no Brasil, denunciando suas violências, amplificando suas pautas e reverberando suas potências.
Acervo João Zinclar I O arquivo de imagens, resultante do trabalho do fotógrafo Zinclar, entre 1994 e 2013, foi reconhecido publicamente por seus parceiros como um instrumento de comunicação visual dedicado exclusivamente para questões e objetivos dos movimentos sociais em suas lutas anticapitalistas e de enfrentamento às práticas colonizadoras. Após seu falecimento, em 19 de janeiro de 2013, este arquivo se converteu no Acervo João Zinclar, uma organização sem fins lucrativos coordenado por Sônia Fardin, historiadora, e Victória Ferraro Lima Silva, filha do fotógrafo.
A elaboração da publicação Retomadas: o debate, sob a responsabilidade da Editora Expressão Popular, custará R$100.000,00 (cem mil reais), incluindo, neste valor, também os custos desta campanha de financiamento coletivo.
Campanha
agosto a novembro de 2022
- Chamada pública e convites para colaboração
dezembro de 2022 a março de 2023
- Organização, revisão, tradução e edição do livro
março a junho 2023
- Envio das recompensas
julho 2023
- Lançamento, distribuição e debates
julho a agosto 2023
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