domingo, 25 de dezembro de 2022

Retomadas: o debate

 


https://www.catarse.me/retomadas


Esse projeto foi criado com o objetivo de viabilizar a realização de uma publicação on-line, bilíngue e de distribuição gratuita, que conte a trajetória do núcleo Retomadas, integrante da exposição Histórias Brasileiras, atualmente em cartaz no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o MASP.

A publicação será editada pela Expressão Popular e conta com co-organização da curadoria do núcleo RetomadasClarissa Diniz e Sandra Benites, do Coletivo de Arquivo e Memória Nacional do MST e dos artistas e acervos de André Vilaron, João Zinclar e Edgar Kanaykõ Xakriabá.

Além de ampla documentação sobre a trajetória do núcleo Retomadas no MASP, a publicação irá comissionar textos e ensaios visuais inéditos que desdobrem e aprofundem alguns dos temas centrais ao debate: lutas sociais, museus, representatividade, memória e acervos dos movimentos sociais, ética e violência institucional, neoliberalismo e política culturaI.

Junto à edição da publicação, essa campanha também tem como objetivo apoiar a ampliação, o aprofundamento e a continuidade do debate crítico e público precipitado pelos acontecimentos em torno do núcleo Retomadas: uma discussão que não se iniciou com a realização do referido recorte curatorial e que, pelo mesmo motivo, tampouco deve ser encerrado com ele.

À convite do MASP, as curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites desenvolveram o projeto do núcleo curatorial Retomadas para a exposição Histórias Brasileiras, com curadoria geral de Adriano Pedrosa e Lília Schwarcz.

Com a participação de artistas e ativistas, o núcleo reúne documentos e obras que refletem acerca do processo que toma a luta pelo direito à terra como sua coluna vertebral, estendendo-se também às línguas, corpos, imagens, representações e representatividades.

Em maio de 2022, o Retomadas foi cancelado por suas curadoras após o MASP vetar a inclusão de fotografias de Edgar Kanaykõ Xakriabá, André Vilaron e João Zinclar que documentam a luta do MST e dos movimentos indígenas contra o saque colonial e a desigualdade fundiária brasileira.

Para Clarissa Diniz e Sandra Benites, o cancelamento foi uma escolha ética diante da “impossibilidade de incluir, no Retomadas, a completa representação que o intitula".

O cancelamento e suas motivações tornaram-se públicas, o que levou a um debate que culminou com o reconhecimento do erro institucional por parte do MASP e a subsequente retomada do núcleo, que voltou a integrar – com a totalidade de suas obras – a mostra Histórias Brasileiras.

Neste processo de uma negociação aberta, as curadoras do núcleo, o MST e os artistas cujas obras foram vetadas elaboraram proposições de reparação diante da violência institucional que sofreram.

Uma delas, contudo, não foi acolhida pela instituição: a realização de uma publicação que possa debater a trajetória do Retomadas e levar o debate ao maior número possível de pessoas pelo Brasil afora.

E esse é o objetivo dessa campanha de financiamento: viabilizar a publicação que ficou de fora dos acertos entre o MASP, as curadoras e os artistas, de forma a lutar contra o risco de apagamento e de silenciamento que ronda as situações de luta e conflito histórico que não são devidamente debatidas, documentadas e historiografadas.

As RETOMADAS continuam: elas não se encerram em eventos como exposições ou seminários. Esta publicação é parte da caminhada ancestral que constitui a luta pelas retomadas.

As RETOMADAS não podem ser apagadas: diante da dissipação das informações no mundo digital, é crucial documentar o processo em torno do veto, da negociação e do debate público que se deu no âmbito de um dos maiores museus do mundo.

As RETOMADAS não podem ser silenciadas: a publicação para a qual aqui buscamos recursos constava entre as propostas de reparação que o núcleo elaborou para o MASP. Posto que sua realização não foi acolhida pelo Museu, não podemos aceitar que esta impossibilidade institucional venha a produzir o silenciamento do debate crítico em curso



Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra | Com 40 anos de história, o MST segue sendo o maior movimento popular da América Latina na luta pela democratização da terra e por mudanças sociais.

Coletivo de Arquivo e Memória do MST I
 O coletivo foi formado em 2014 com o objetivo de centralizar a tarefa de gestão e preservação dos documentos do Movimento, mas não só: também refletir e massificar o debate sobre patrimônio cultural, a importância da memória para os movimentos sociais através de formação e articulação com outros acervos da classe trabalhadora.

Editora Expressão Popular | Criada em 1999 com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento, a Expressão Popular conta com mais de 600 títulos publicados em diversas áreas do conhecimento, como política, economia, agroecologia e literatura.

Curadoras do núcleo Retomadas Sandra Benites e Clarissa Diniz, curadoras, se conheceram em 2016 no contexto do projeto Dja Guata Porã: Rio de Janeiro indígena (Museu de Arte do Rio, 2017), do qual foram co-curadoras. Desde então, têm dialogado continuamente sobre as formas de aliança e de disputas que se dão no múltiplo e assimétrico território das artes.

Artistas do núcleo Retomadas que tiveram suas obras vetadas pelo MASP | André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar são os artistas cujas fotografias tiveram sua participação no núcleo Retomadas vetadas pelo MASP. Por décadas, têm se dedicado a documentar as lutas sociais em curso no Brasil, denunciando suas violências, amplificando suas pautas e reverberando suas potências.

Acervo João Zinclar I O arquivo de imagens, resultante do trabalho do fotógrafo Zinclar, entre 1994 e 2013, foi reconhecido publicamente por seus parceiros como um instrumento de comunicação visual dedicado exclusivamente para questões e objetivos dos movimentos sociais em suas lutas anticapitalistas e de enfrentamento às práticas colonizadoras. Após seu falecimento, em 19 de janeiro de 2013, este arquivo se converteu no Acervo João Zinclar, uma organização sem fins lucrativos coordenado por Sônia Fardinhistoriadora, e Victória Ferraro Lima Silva, filha do fotógrafo.

 A elaboração da publicação Retomadas: o debate, sob a responsabilidade da Editora Expressão Popular, custará R$100.000,00 (cem mil reais), incluindo, neste valor, também os custos desta campanha de financiamento coletivo.Campanha

agosto a novembro de 2022

  • Chamada pública e convites para colaboração

dezembro de 2022 a março de 2023

  • Organização, revisão, tradução e edição do livro

março a junho 2023

  • Envio das recompensas

julho 2023

  • Lançamento, distribuição e debates

julho a agosto 2023

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